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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Especial Corinthian Club 130 Anos - Parte 4: Do apogeu ao fim inevitável (1911 - 1939)

Salve!!!

Depois de mais uma maratona de pesquisas e três posts dos quais me orgulho muito por ter escrito, chegamos ao post 4 da série, o último sobre o Corinthian Club antes da fusão que gerou o atual Corinthian-Casuals.

Partiremos hoje de 1911, um ano após a visita histórica do Corinthian's Team ao Brasil.

1911: Tour pela Espanha

Mantendo o hábito de excursionar na Páscoa, o Corinthian Club acertou a realização de três partidas na cidade de San Sebastian, na Espanha, sendo que duas delas eram parte de um torneio amistoso triangular, organizado pelo Gran Casino de San Sebastian. Na preparação para o torneio, o Corinthian enfrentou o London Nomads, um time formado por jogadores de vários clubes da Associação de Futebol Amador. Mais de 3500 pessoas viram a vitória do Corinthian por 7x0.

Após isso, mais duas vitórias pelo triangular, um 3x1 contra o San Sebastian e um 6x0 contra o próprio London Nomads que enfrentara antes, garantindo assim as medalhas de ouro oferecidas pelo Casino ao campeão do torneio.

1911: Segundo Tour por Canadá e EUA

No Verão desse ano, o Corinthian fez 21 jogos em 45 dias de excursão, contra times dos EUA e do Canadá. Foi uma turnê onde, se o futebol não foi da mesma qualidade de outras épocas, o resultado foi dos melhores 19 vitórias, um empate e uma derrota apenas, por  3x1 contra o Ontario.

Foi uma turnê marcada pelo entusiasmo dos torcedores e pelo excepcional desempenho do atacante Bache, que em 18 jogos marcou nada menos do que 38 gols! Destaque para os 5 gols na goleada de 6x0 contra o Fort William e para os 7 gols na histórica vitória por 10x1 contra o Chicago.

Ainda merecem citação as vitórias de 8x0 contra o Montreal, 9x2 contra o Saskatoon e os 19x0 em cima do fraco time do Cricket Club dos EUA, na última partida da turnê.

1912: Terceiro Tour pelo Império Austro-Húngaro (Boêmia e Morávia)

Em mais uma turnê de Páscoa, o Corinthian voltou aos domínios do Império Austro-Húngaro, mas dessas vez viajou às províncias da Boêmia e da Morávia - hoje partes da República Tcheca. Foram três jogos na primeira e dois na última.

Diferente de outras viagens, nessa o time não se preparou como de costume, e isso refletiu em campo. Afinal, desde 1896 já se disputava um campeonato dito "nacional" na Boêmia, e o Slavia Praga havia vencido 6 das 11 edições.

Na estreia, vitória por 5x1 em dia inspirado de Bache, que marcou quatro vezes. Mas na revanche, a força dos donos da casa foi sentida, sendo o Corinthian derrotado por 3x1. Foi a primeira derrota do time em partidas internacionais, dentro da Europa. Para completar, antes de viajar a Brunn, outra derrota: 4x2 diante do forte time do Bohemian XI.

Viajando para a Morávia, a realidade foi outra: os campos de futebol eram bem mais pobres e a qualidade dos times, bem menor. Lá, por exemplo, não havia campeonato nacional, de forma que apenas em 1912 os times dessa região passaram a integrar o campeonato da Boêmia.

Mostrando sua superioridade, o Corinthian venceu facilmente o Brunn por 9x2, e logo após, encerrando a viagem com outra vitória, um 3x1 contra o Morávia. Relatos da época afirmam que, no geral, foi um passeio agradável, e em todos os lugares os ingleses foram muito bem tratados.

1913: Segundo Tour pelo Brasil

Entre 21 e 31 de agosto desse ano, o Corinthians voltou ao Brasil para relembrar sua turnê histórica de 1910. E emoção não faltou: houve, durante a turnê, um casamento, um nascimento, duas mortes (uma por suicídio) e várias situações criadas por um cozinheiro que, diz a lenda, ficou louco durante a viagem!

Enquanto tudo isso ocorria, o Corinthians fazia seus jogos, três no Rio de Janeiro e outros três em São Paulo. A estreia foi contra um combinado do Rio de Janeiro, que conseguiu a única vitória dos donos da casa: 2x1. Depois disso, duas vitórias inglesas, um 4x0 contra um combinado de estrangeiros residentes no Rio e outra de 2x1 contra um time de brasileiros.

Já em São Paulo, os três jogos foram contra clubes, sendo as partidas assistidas por um excelente público: entre 6 e 10 mil pessoas assistiram aos jogos. Foram duas vitórias, 2x1 contra o Paulistano e 8x2 contra o Mackenzie College; e um bom empate contra a Associação Atlética das Palmeiras.

O que ficou dessa turnê foram as certezas de que o futebol brasileiro melhorara muito em 3 anos, e a de que o Corinthian adquirira extrema popularidade no país. Vale lembrar que, nesses três anos, o Corinthians Paulista, fundado na várzea após a visita de 1910, crescera muito e havia acabado de conquistar lugar no campeonato da Liga Paulista de Futebol, que naquele momento estava na 4ª rodada.

1914: O Tour que não aconteceu (Brasil) 

Empolgado com a viagem ao Brasil no ano anterior, o Corinthian organizou uma nova viagem, mas durante a viagem de navio, uma notícia mudou tudo: a Primeira Guerra Mundial.

Por causa dela, o navio teve de alterar sua rota a fim de evitar um navio alemão, e ainda aportou em Pernambuco para que quatro membros da delegação voltassem com urgência à Inglaterra, pois estavam sendo chamados para a Reserva de Oficiais. Quando o resto do grupo chegou ao Rio, eles tiveram tempo somente para visitar a cidade, antes de voltar para casa.

1914 - 1920: Por causa da I Guerra, não houve jogos nem excursões nesse período


1921: Segundo Tour pela França

Foi a primeira viagem do time após a guerra, e por isso não havia condições para ir muito longe. Foram marcados dois jogos em setembro, dia 4 em Paris e dia 5 em Lille.

As condições em Paris foram as piores possíveis: o Corinthian jogou em um campo de cascalho e fragmentos e vidro, pois o estádio do Red Star não tinha grama. Isso, aliado ao fato de esse clube ser o então campeão francês, dificultou as coisas, mas mesmo assim a vitória foi inglesa: 2x1, para um público de 5 mil pessoas. 

No dia seguinte, rápida ida a Lille para enfrentar o Olympique Lillois. Em um campo com muito melhor qualidade, a técnica do Corinthian sobressaiu e a vitória veio mais fácil, com goleada por 5x0.

1922: Tour pela Holanda e Dinamarca

Nesse ano o Corinthian voltou a excursionar na Páscoa, dessa vez para Holanda e Dinamarca. E a primeira partida foi na Sexta-Feira Santa, para um belo público de 25 mil pessoas. Apesar da goleada por 5x0 
contra o Kjøbenhavns BK, o clube inglês estava claramente preocupado. Isso pois, na noite anterior ao jogo, o jogador Coles fora preso, acusado de agir como um apostador; na Dinamarca, apenas bookies licenciados podiam fazer apostas.

Já no jogo seguinte, mais calmo, o time voltou a vencer: vitória por 3x1 contra o mesmo time. 

Dali, o time foi para a Holanda, onde venceu o Be Quick, campeão holandês de 1919/20, por 5x2 em Groningen. Logo após, em Haia, vitória por 5x3 em cima do Dutch University XI. E finalmente, em Amsterdam, a única derrota, diante do Swalloes, por 1x0. Apesar da derrota, foi o melhor jogo da turnê. Uma enorme multidão viu a partida, no maravilhoso estádio dos donos da casa, que jogaram muito bem, mesmo enfrentando uma defesa inglesa em muito boa forma.

1923: Tour pela Bélgica e Holanda

Essa turnê ocorreu quase que inteiramente por conta de G. N. Foster, empresário que estava ligado aos cubes belgas antes da guerra e que agora era organizador de esportes da Força Expedicionária Britânica. Nesse ano, como a Páscoa caíra em datas anteriores à de 1922, açguns jogadores não puderam comparecer, e por isso os resultados não foram dos melhores.

Mesmo assim a turnê foi muito agradável, e começou com um "torneio" de golfe no Royal Belgian Golf Club, tendo como oponentes até mesmo o príncipe da Itália, Edmond Ruspoli.

Em seguida, os jogos: na estreia, 35 mil pessoas testemunharam a derrota do Corinthians diante do time belga Daring FC, por 1x0. Os jogos seguintes só serviram para piorar a campanha: derrotas por 5x2 para o Union St. Gilloise e 5x1 para o Willem II.

Apenas na Holanda o clube venceu, quando enfrentou novamente o Dutch University XI (por 2x0) e o Swallows (2x0 também), para contra o Rotterdam, novamente perder, por 2x1. Mas vale lembrar que, para chegar à cidade do último jogo, os jogadores ingleses fizeram a viagem em carros de corrida... não é de se estranhar que não tivessem jogado bem depois desse desgaste.

1924: Terceiro Tour por Canadá e EUA

Este foi o último tour extra-continental do Corinthian, e durou seis semanas e 22 jogos. Foi muito pior que o anterior, tendo o time vencido 4 e perdido 8 jogos. O desempenho no Canadá, porém, foi bem pior do que nos EUA: todas as derrotas foram em solo canadense, e seis delas nos nove primeiros jogos. Destaques dessa parte da turnê foram as "revanches" concedidas para dois times que haviam sido goleados em 1911: 4x2 para o Montreal (em 1911 o Corinthian vencera por 8x0) e 1x0 para o Saskatoon (em 1911, vitória inglesa por 9x2).

Já nos Estados Unidos, o futebol não foi de tão boa qualidade, mesmo por que a maioria dos times tinham jogadores já aposentados e estudantes de universidades, todos muito menos experientes do que os canadenses. Assim, os ingleses se mantiveram invictos, com 3 vitórias e dois empates. Destaque para as goleadas de 8x1 e 7x1 contra o Philadelphia.

Em visita a Berlin, Corinthian empata em 1x1 com o Tennis Borussia (13/04/1925)

1928: Turnê pela Dinamarca e Alemanha

Seis anos depois da última visita, os ingleses voltaram à Dinamarca após notícias de que os clubes de lá haviam se fortalecido. Assim, 13 jogadores viajaram até Copenhagen, onde fizeram dois jogos. Primeiro, um empate por 1x1 contra o Boldklubben 1903. Em seguida, um doloroso revés contra o Kjøbenhavns BK. A derrota por 6x3 foi histórica, pois foi a única partida internacional da história em que o Corinthian Club sofreu mais de cinco gols.

Saindo de lá, um breve passagem em Odense, onde os ingleses venceram o time homônimo por 2x0, para em seguida chegar à Alemanha. Lá, venceram o Hannover por 2x1 e empataram com o Hamburgo por 0x0.

1929 - 1939: A profissionalização do futebol traz o declínio
Para suprir a carência de jogos no pós-guerra, o Corinthian resolveu quebrar uma de suas tradições mais fortes e passou a disputar torneios organizados pela FA, como fizera no início do século XX. Por isso, a partir de 1922, é possível encontrar nas estatísticas jogos do time inglês em três torneios diferentes: a FA Cup, o torneio de futebol mais antigo do mundo; a FA Charity Shield (Copa da Caridade), torneio que em 1908 substituiu a Sheriff of London Charity Shield (Copa do Xerife de Londres), que o Corinthian disputara entre 1897 e 1907, tendo conquistado três vezes; e a própria Sheriff of London, que entre 1931 e 1934 foi reeditada. 

No entanto, a cada ano que passava, o processo de profissionalização do futebol inglês ficava mais forte, e a insistência do Corinthian em se manter amador fez com que os resultados fossem cada vez piores. Confira abaixo:


1939: A decisão

Logo do Casuals FC
Após passar por muitas dificuldades, e depois de perder, em 1936, o estádio onde jogava, incendiado, a situação ficou insustentável. Em 1937, veio a proposta do Casuals para uma fusão, sacramentada em 1939 (The Glasgow Herald, 05/01/1939 - link). O novo time, Corinthian-Casuals FC, faz seu primeiro jogo em 26 de agosto, vencendo o Oxford por 1x0 pela temporada 1939/40 da Isthmian League (algo equivalente à 7ª ou 8ª divisão do futebol inglês). Mas seis dias depois, o campeonato seria interrompido. O motivo? A Segunda Guerra Mundial.

No próximo post, conto quem é o Casuals FC, o clube que deu vida nova ao Corinthian Club!

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